
O presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (Assof), Coronel Cardoso, afirmou que a recente operação no Rio de Janeiro evidencia a necessidade de medidas firmes e coordenadas no combate à criminalidade no país.
Segundo ele, é essencial que o Estado retome territórios dominados por facções criminosas, com estratégias que unam enfrentamento direto e inteligência financeira.
“A operação no Rio de Janeiro evidencia a necessidade de ações duras e efetivas no combate à criminalidade, com foco na retomada de territórios dominados por grupos terroristas. Essas ações precisam vir acompanhadas de medidas de inteligência financeira para retirar o poder econômico desses grupos, além do endurecimento das penas e do cumprimento em regime disciplinar diferenciado para os líderes”, afirmou.
Cardoso criticou o uso de exemplos internacionais como parâmetro para a realidade brasileira.
“Não se pode comparar a segurança pública do Brasil com a de países desenvolvidos. Temos nossa própria realidade. Há uma mania de escutar pseudos especialistas que utilizam exemplos internacionais conforme a conveniência de um discurso falacioso”, disse.
O coronel também destacou que o governo precisa definir prioridades orçamentárias e que a segurança pública deve estar entre elas, sem aumento de impostos.
“O governo tem que entender o que é prioridade. Eu, como a maioria da população, acredito e sinto na pele que segurança pública é prioridade. É preciso rever planejamentos, e não criar impostos, como uma taxa de segurança pública. Temos hoje 31 ministérios e 6 órgãos com status de ministério. Será que, se colocássemos uma enquete junto à população, o Ministério da Segurança Pública não estaria entre os três mais importantes?”, questionou.
Para o presidente da Assof, a recriação do ministério é fundamental, desde que seja conduzida com base técnica e com participação efetiva das forças de segurança.
“A criação desse ministério é de suma importância, desde que seja algo técnico, formado por quem entende do assunto e com a participação das forças de segurança que compõem o país. É preciso uma integração real, respeitando as atribuições de cada ente federativo e com recursos financeiros suficientes para o Estado retomar a ordem”, avaliou.
Cardoso, no entanto, criticou a proposta apresentada pelo governo federal.
“A PEC, como foi proposta, em nada resolve a questão. Foram colocadas ali ‘perfumarias’ que não mostram como o problema será resolvido e, mais ainda, não indicam de onde virá o dinheiro. Sem recursos, não se faz nada. Além disso, as polícias não foram sequer consultadas em sua elaboração, o que demonstra o caráter meramente fantasioso da proposta”, apontou.
Ele alertou ainda que, se a recriação do ministério for conduzida apenas com motivações políticas, o resultado será ineficaz.
“A decisão de recriar é política, porém, se não for algo realmente técnico em sua elaboração, teremos mais uma vez algo improdutivo e sem eficácia”, advertiu.
Por fim, o coronel defendeu que as ações do governo devem alcançar todo o sistema de segurança pública, com valorização dos profissionais e investimentos estruturais.
“Não se deve pensar apenas no impacto sobre as três forças principais. O que se espera são ações que reflitam em todos os órgãos de segurança pública, respeitando suas atribuições e valorizando o ser humano que os compõe. Há uma disparidade de remuneração muito grande entre os estados e estruturas defasadas em muitos deles — não por culpa do policial, mas por falta de investimento e pela covardia de governantes que transferem responsabilidades”, afirmou.
Ele concluiu defendendo investimentos sérios no sistema prisional e judiciário, sob pena de o país continuar “enxugando gelo”.
“É preciso investir de forma séria no sistema prisional e no Judiciário, sob pena de continuarmos enxugando gelo”, finalizou.